sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Poemar: Crescer, crescer

O Daniel Bastos escolheu o poema "Crescer, crescer", de Luísa Ducla Soares.

Os carros as pedras,
Nunca os vi crescer.
Eu cresço, não paro.
O que hei de fazer?

Cresci para cima
Para baixo, para os lados.
Rasguei a camisa,
Está toda aos bocados.

A luva esticada
Não me tapa a mão.
Ninguém me dá colo,
Sou um matulão.

Furou-me o sapato
O dedo do pé.
Rebentei as calças.
Vergonha não é?

Não cabe a cabeça
No velho chapéu,
Vou-me constipar
De cabeça ao léu.

Já chego à janela
Já alcanço a estante,
Devo crescer tanto
Como um elefante.

Quem for meu amigo
De mim não se afaste,
Pois para brincarmos
Arranjo um guindaste.

Luísa Ducla Soares
É preciso crescer

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