domingo, 29 de novembro de 2009

Li, Gostei, Recomendo: Harry Potter e a Pedra Filosofal

Título: Harry Potter e a Pedra Filosofal
Autora: J. K. Rowling
Editora: Editorial Presença


Quando se começa a ler a obra Harry Potter e a Pedra Filosofal, da escritora J. K. Rowling, entramos num mundo mágico e parece que estamos a viver a história.

A história começa com um rapaz, Harry Potter, filho de feiticeiros, que foi viver para casa de uns tios, os Dursley, onde era infeliz.

Com onze anos, Harry Potter recebeu uma carta da Escola de Feitiçaria Hogwarts, que passa a frequentar.

No fim do ano lectivo, depois de muitos acontecimentos, Harry e os seus amigos têm de passar por uma sucessão de perigos para chegar a Voldemorte, um feiticeiro misterioso, e derrotá-lo.

Em todo o livro há acção, humor e diversão, o que o torna apaixonante. Se o começares a ler, não conseguirás parar.

Henrique 6.º A

Li, Gostei, Recomendo: Úrsula, a Maior

Título: Úrsula, a Maior
Autora: Alice Vieira
Editora: Caminho


Recomendo o livro Úrsula, a Maior, da autoria de Alice Vieira, porque o achei muito interessante e envolvente.

Esta história fala-nos de uma menina chamada Maria João que, desde que sabe que existe, partilhara o quarto com alguém.

Maria João estava em casa quando uma rapariga entrou. Ela era apenas mais uma das tantas que por ali passavam. Pelo menos era o que Maria João pensava. Sara, uma das garotas que partilhara o quarto com ela anteriromente, era um pouco ingénua e, como todas as outras, mais velha do que Maria João. Mas esta era diferente.

Da mesma idade que ela, Úrsula chegara à cidade há pouco tempo. Ficaria em casa de Maria João e iriam partilhar o quarto. Bem-educada, boa aluna e de noivo destinado à nascença, Xuxu (como lhe chamavam) vinha de uma família rica de bons costumes, para estudar na cidade. A mãe de Xuxu e a mãe de Maria João eram amigas e esta última oferecera a Xuxu a sua casa para ela ficar.

Ao ver como Xuxu era, Maria João concebeu um plano: conduzi-la até ao "caminho do bem". Para ela, Úrsula tinha uma educação muito rígida, era demasiado bem-educada e precisava de "descontrair" mais. Então, pede ajuda ao seu amigo Gil Eanes e põem o plano em acção. Ao princípio, não corre muito bem, mas depois tudo tomou o seu rumo.

Muitas peripécias acontecem e são elas que tornam este livro tão empolgante.
Se quiseres saber como acaba esta história, lê-a. Prometo que vais gostar tanto dela como eu!

Anaísa Simões, 6.º C

sábado, 28 de novembro de 2009

Cartões de Natal

O primeiro cartão de Natal



Até há bem pouco tempo, era hábito desejar as Boas Festas enviando cartões de Natal. Essa prática era comum entre amigos, empresas e funcionários, proprietários de estabelecimentos comerciais e clientes.

Era muito agradável sentirmos que os nossos amigos se lembravam de nós. Não menos agradável era escolhermos os cartões que iríamos também enviar.

Os cartões recebidos eram expostos em casa, por cima da lareira ou noutros locais em evidência, e retribuídos. Nalguns casos, esta troca permitia ajudar instituições e organizações como, por exemplo, a Unicef ou os Trabalhadores do Comércio.

Actualmente, essa prática tem vindo a ser substituída pela troca de mensagens electrónicas e sms ou por um telefonema. São já poucos os que escrevem cartões de Natal, postais de férias ou cartas.

A ideia de escrever cartões de Natal partiu de Henry Cole, director do então South Kensington Museum. Para além desta função, Henry Cole era editor e escritor de livros e jornais.

Todas estas ocupações deixavam-lhe pouco tempo para escrever, como era costume naquela altura, cartas a amigos e familiares a desejar Boas Festas.

Teve então a ideia de sugerir ao pintor John Callcott Horsley que criasse um cartão de Natal para substituir as cartas que na altura se escreviam em papel decorado com motivos natalícios, ou os cartões de festa genéricos, em que apenas se acrescentava a festa a que se referiam.
Henry Cole recomendou a John Callcott Horsley que o postal devia ter uma mensagem que pudesse enviar-se a todas as pessoas da sua lista.


John Callcott Horsley criou um postal, colorido à mão, que representava uma família a brindar a um amigo ausente (o destinatário do cartão), bebendo um copo de vinho tinto. De cada lado do postal eram representados actos de caridade: "vestir os desnudados" e "alimentar os pobres". Ao centro, lia-se a mensagem "A Merry Christmas and a Happy New Year".

Pensa-se que se terão vendido mil destes cartões de Natal. Este primeiro cartão gerou controvérsia, pois as crianças da família representada também brindavam, bebendo vinho. Isso foi considerado um incentivo à corrupção moral das crianças e os postais foram retirados do mercado.

Julga-se que, no ano seguinte, Henry Cole já não enviou cartões de Natal. Apesar disso, esta prática generalizou-se em todo o mundo, parecendo estar agora a ser esquecida.

Vá lá, este ano, envia um cartão de Natal!


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Outros Textos, Outras Leituras: Eduardo Mãos de Tesoura



Hoje o Rodrigo Carneiro do 6.º C teve uma conversa comigo sobre a filmografia de Tim Burton.

Disse-me que gosta particularmente do filme Eduardo mãos de tesoura.

Rodrigo, fico à espera que, quando estiveres mais liberto do estudo para esta segunda vaga de testes de avaliação, me apresentes o texto prometido sobre este filme e as razões da tua preferência.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Lenda de Timor

Deixo-vos a Lenda de Timor, que, como facilmente perceberão, pretende explicar a forma da ilha, semelhante a um crocodilo a nadar.

A Lenda

A Lenda é uma narrativa transmitida oralmente, de geração em geração, em que se misturam realidade e fantasia.

Pode possuir um fundo histórico, procurando explicar, através de uma história, a existência de determinados costumes populares, milagres, factos geográficos, acontecimentos ou a origem de lugares.


Li, Gostei, Recomendo: Contos e Lendas da Grécia Antiga


Título:
Contos e Lendas da Grécia Antiga


O livro que mais gostei de ler foi Contos e Lendas da Grécia Antiga.

Achei este livro interessante e educativo, pois quase todas as histórias têm uma moral que, por vezes, não é fácil de descobrir. Bastava eu começar a ler a primeira frase para logo mergulhar naquele mundo e naqueles tempos e não querer que a história acabasse.

Nesse livro, havia muitas, mas mesmo muitas histórias que adorei ler, mas como não podia contá-las todas, escolhi a história de um jovem chamado Narciso.

Há muito, muito tempo, quando ainda vinham deuses à Terra, existia um rapaz chamado Narciso. Era tão belo como o próprio deus Apolo. Não gostava de ninguém, a não ser de si próprio, dos seus cabelos louros, dos seus olhos... Como era belo e egoísta, partiu muitos corações. Um dia, Afrodite, a deusa do amor, fartou-se e resolveu castigá-lo.

Quando, durante uma caçada, Narciso foi beber água a um riacho, viu o seu rosto reflectido na água e apaixonou-se por si próprio. Esqueceu-se de tudo. Deixou de comer, de beber, começou a ficar sem forças e morreu.

Assim que se soube da morte de Narciso, as ninfas cujos corações ele partira resolveram enterrá-lo. Quando chegaram ao sítio onde Narciso morrera, espantaram-se, pois no lugar onde tinha caído a sua cabeça estava uma bela flor - a flor da morte, que se passou a chamar Narciso. Foi assim que Afrodite castigou Narciso, mas deixou uma lembrança dele.

Tal como esta história, todas as outras que fazem parte deste livro são interessantes. Se gostaste, toca a procurar este livro. Boa leitura!

Viktoriya Shkatova, 6.º C

Li, Gostei, Recomendo: O Guarda da Praia


Título:
O Guarda da Praia
Autora: Maria Teresa Maia Gonzalez
Editora: Verbo


O livro que eu recomendo chama-se O Guarda da Praia, de Maria Teresa Maia Gonzalez.

Este livro trata de uma escritora que precisava de um lugar sossegado para escrever um romance. Assim, alugou uma casinha junto ao mar numa aldeia piscatória. Depois, fez amizade com um rapaz chamado Luís, conhecido por "Dunas", que não tinha mãe e vivia com a avó numa ilhota.

Dunas passava muito tempo na praia e alimentava uma gaivota doente. Vigiava a praia porque o pai aí enterrara a mãe, depois de ela morrer. Por esse motivo, considerava aquela praia sua.


Gostei desta história porque fala de amizade e solidariedade. Por essa razão, é um livro que todos devíamos ler.
Rodrigo Carneiro, 6.º C

domingo, 22 de novembro de 2009

Antologia de Textos de Natal

Alunos do 6.º A:

Façam uma recolha de textos em prosa ou em verso alusivos à quadra natalícia. O prazo de entrega é a primeira aula de Língua Portuguesa do 2.º período.

Enquanto espero que me façam chegar esses textos para organizarmos uma colectânea, deixo-vos um texto sobre o Natal da autoria de George Sand, retirado do livro 101 Noites de Natal - uma antologia literária, p. 61.


O PAI NATAL


A minha mãe cantava-me também uma canção desse género na véspera de Natal, mas como isso só acontecia uma vez por ano, não me recordo dela. O que não esqueci foi a crença absoluta que eu tinha na descida pela chaminé do pequeno Pai Natal, bom velhinho de barba branca que, à meia-noite, vinha pôr no meu sapatinho uma prenda que eu aí encontraria ao acordar. Meia-noite! Essa hora fantástica que as crianças conhecem e que lhes é revelada como o termo impossível da sua vigília! Como me esforçava por não adormecer antes da chegada do velhinho! Tinha muita vontade mas também muito medo de o ver: contudo, nunca podia ficar acordada até àquela hora e, no da seguinte, o meu primeiro olhar ia para o meu sapatinho, junto à lareira. Que emoção me causava o envelope de papel branco, pois o Pai Natal era muito delicado e embrulhava sempre a sua oferenda muito cuidadosamente. Corria descalça para apoderar-me do meu tesouro. Nunca era um dom magnífico, pois não éramos ricos. Era um bolinho, uma laranja, ou muito simplesmente uma maçã vermelha. Mas parecia-me tão precioso que mal ousava comê-lo.

Histoire de ma vie

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Li, Gostei, Recomendo: Uma Aventura na Cidade

Título: Uma Aventura na Cidade
Autoras: Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Colecção: Uma Aventura
Editora: Caminho

Os meus livros favoritos são os de aventuras, por esse motivo, tenho vários. Muitos deles pertencem à colecção "Uma Aventura". Para quem não conhece, estes livros contam histórias sobre cinco jovens que adoram desvendar mistérios.

Um dos livros que eu gostei mais de ler foi "Uma Aventura na Cidade", porque tinha muita acção e adrenalina. Nesta aventura, os cinco jovens investigam uma garagem que só é frequentada durante a noite, o que acham muito estranho. Alguns dias depois, descobrem que aquela garagem é utilizada para guardar carros roubados na cidade. Conseguem deter os ladrões e assim acaba mais uma aventura.

Inês Ribeiro, 6.º A

Li, Gostei, Recomendo: Na Ponta dos Pés

Título: Na Ponta dos Pés
Autora: Beatrice Masini
Colecção: Sapatilhas Rosa
Editora: Nova Gaia

Já li vários livros e gostei de todos eles. Hoje vou falar-vos de um que narra a história de uma bailarina.

As personagens principais são Madame Olenska, a professora de ballet, Zoe, a bailarina principal, e Jonathan, um amigo especial.

A história começa com uma informação muito importante para a turma de Zoe. Madame Olenska anuncia aos alunos que poderão começar a dançar em pontas antes do previsto relativamente ao programa. Enquanto Jonathan inventa a primeira coreografia e experimenta os primeiros ciúmes da sua vida, Zoe enfrenta uma série de dúvidas importantes: tem realmente talento para a dança? E se a resposta for negativa, o que fará da sua vida?

A Academia que frequentam é uma escola de ballet imaginária, com regras imaginárias, onde tudo é fruto da imaginação. Porém, o esforço que cada personagem faz é verdadeiro!!!

Recomendo este livro a um amigo, porque nos dá uma lição de vida: nunca baixarmos a cabeça quando nos sentimos deprimidos.

Maria Bento, 6.º A

Li, Gostei, Recomendo: O Nabo Gigante

Título: O Nabo Gigante
Autor: António Mota
Editora: Gailivro

Para recomendar a um amigo, escolhi o livro O Nabo Gigante, de António Mota.

Este livro conta a história de um homem que plantou um nabo. Este transformou-se num nabo gigante e, quando chegou a altura de arrancá-lo, o homem não foi capaz. Chamou a sua mulher para o ajudar, mas nem assim conseguiram. Então, a mulher chamou uma menina que, por sua vez, chamou o seu irmão e assim sucessivamente, sempre sem êxito... Até que chamaram um rato... e conseguiram finalmente arrancar o nabo.

Eu gosto desta história, porque nos ensina que todos precisamos uns dos outros, sejamos como formos.

Carolina Dinis, 6.º A

Adaptação de um conto popular à actualidade

A Laura Lopes do 6.º A adaptou o conto popular "João Mandrião" à actualidade e escreveu o seguinte texto:

O João Mandrião

A mãe de João Mandrião era uma mulher viúva que trabalhava várias horas por dia numa fábrica, para dar tudo ao filho e para que nada lhe faltasse. Mas, certo dia, cansou-se e mandou-o trabalhar.

João Mandrião não teve outro remédio senão obedecer. Arranjou trabalho como empregado de mesa, mas ora deixava cair um prato, ora deixava cair uma bandeja cheia de chávenas. No fim do mês, todos estes estragos reflectiram-se no seu ordenado. Para tornar a situação ainda pior, quando no emprego lhe pediram o seu número de conta na Caixa Geral de Depósitos, João enganou-se e deu o número errado. Com tudo isto, a mãe ficou furiosa e mandou-o ir procurar outro emprego, já que a servir à mesa não era nada bom.

João assim fez e foi trabalhar como segurança na Broadway, uma discoteca nos arredores de Coimbra. Bem, desta vez, deixou-se aliciar pelo ritmo da noite e, de vez em quando, em vez de controlar as entradas e as saídas, ia dar um pezinho de dança. Quando o patrão descobriu, despediu-o com justa causa e mandou-o para casa sem lhe pagar o ordenado.

A mãe encheu-se de fúria e percebeu que João não sabia trabalhar e que nunca aprenderia a fazê-lo. Compreendeu também que lhe restava uma vida de árduo trabalho.

Galeria de Autores: Hans Christian Andersen

A propósito do conto infantil, a Inês Ribeiro do 6.ºA inaugurou a nossa "Galeria de Autores", apresentando uma breve biobibliografia de Hans Christian Andersen.


HANS CHRISTIAN ANDERSEN

Hans Cristian Andersen foi um poeta e escritor dinamarquês de histórias infantis. Escreveu peças de teatro, contos, histórias, e principalmente, contos de fadas, pelos quais é mundialmente conhecido.

Entre os contos de Andersen, destacam-se:

  • "O Abeto"
  • "O Patinho Feio"
  • "A Caixinha de Surpresas"
  • "Os Sapatinhos Vermelhos"
  • "O Pequeno Cláudio e o Grande Cláudio"
  • "O Soldadinho de Chumbo"
  • "A Pequena Sereia"
  • "A Roupa Nova do Rei"
  • "A Princesa e a Ervilha", e muitos outros.

Literatura de tradição oral

Antigamente, não havia televisão, rádio, computadores nem consolas. Os serões eram passados à lareira, em família ou numa comunidade mais alargada, ouvindo e contando histórias, verdadeiras ou de ficção. Por esse motivo, o conto tradicional é normalmente associado a momentos de lazer e diversão. Por ter tido a sua origem no povo, pode também chamar-se “conto popular”. As pessoas do povo não sabiam ler nem escrever, o que explica que estas narrativas fossem contadas oralmente, sendo transmitidas de geração em geração.

De origem geralmente anónima, o conto popular é uma narrativa curta e simples, transmitida oralmente, cujas personagens são em número reduzido e em que não é possível localizar com precisão a acção no tempo e no espaço. Em todos os continentes surgiram narrativas deste tipo. À medida que circulavam de boca em boca, muitas vezes levadas de região para região por mercadores e viajantes, pormenores e peripécias iam sendo acrescentados, modificados ou eliminados, porque, como lembra Maria Alberta Menéres, em Ulisses, “Quem conta um conto acrescenta um ponto”.

Para além de ter como finalidade entreter e divertir o ouvinte, o conto popular procura também educá-lo, oferecendo-lhe uma lição de vida. Através dele o povo transmite os seus saberes, os seus valores, as suas crenças, isto é, a chamada “cultura popular”. Nesse sentido, os contos são uma forma de preservação da cultura. Mesmo quando não têm uma mensagem cultural explícita, pelo menos durante o tempo que dura a narração, cria-se uma ligação entre quem conta e quem ouve contar, permitindo a crianças e adultos compreender o que os rodeia e posicionar-se no mundo.

Para além dos contos tradicionais, integram a literatura oral os provérbios, as lengalengas, as adivinhas, as lendas, as quadras populares, o conto maravilhoso.

Com o tempo, houve necessidade de registar por escrito as narrativas de tradição oral, para que não se perdessem. No início do século XIX, os irmãos Grimm reuniram um conjunto de narrativas numa antologia a que deram o nome Histórias das Crianças e do Lar, que foram traduzidas em várias línguas e deram a volta ao mundo. Alguns desses contos tinham sido recolhidos por Charles Perrault, no século XVII, o que faz pensar que poderão ter uma fonte comum.

"A Gata Borralheira", um dos contos recolhidos pelos irmãos Grimm, conheceu uma versão escrita por Sophia de Mello Breyner, incluída na sua obra Histórias da Terra e do Mar, que estudarás no 8.º ano.

Em Portugal, nomes como Almeida Garrett, Teófilo Braga, Adolfo Coelho e José Leite de Vasconcelos recolheram e publicaram contos populares e outros textos de literatura oral.

Apresentação

O primeiro trabalho que vos pedi, no primeiro dia de aulas desta disciplina, foi que escrevessem um texto curto, simples e conciso sobre vocês próprios, para ficar a conhecer-vos melhor. Tratou-se de um texto de auto-apresentação, orientado, que leram aos vossos colegas.

Aqui ficam esses textos, tendo alguns deles sido adaptados.
Cliquem nas imagens.


Ao ataque... meus piratas!

Quando vos propus a criação de um blogue para a disciplina de Língua Portuguesa, pude constatar o entusiasmo com que aceitaram este desafio.

Este blogue será feito, sobretudo, por cada um de vocês. Em conjunto, vamos fazer o melhor possível, procurando que, quando chegarmos ao fim do ano e lermos os textos publicados ao longo do tempo, possamos dizer que as vossas competências de leitura, escrita e pesquisa evoluíram.

Por isso, “Ao ataque… meus piratas!”

terça-feira, 10 de novembro de 2009

História da Gata Borralheira

Como uma rapariga descalça, a noite caminhava leve e lenta sobre a relva do jardim. Era uma jovem noite de Junho, a primeira noite de Junho. E debruçada sobre o tanque redondo ela mirava extasiadamente o reflexo do seu rosto.

Do jardim via-se a casa, uma casa grande cor-de-rosa e antiga que, toda iluminada nessa noite de festa, espalhava no jardim luzes, brilhos, risos, música e vozes. A luz recortava o buxo dos canteiros e a música misturava-se com o baloiçar das árvores.

Pelas janelas abertas avistavam-se pares dançando e vestidos claros de raparigas, vestidos que flutuavam entre os passos e os gestos. Vultos de namorados passavam entre as cortinas e vinham apoiar-se no peitoril das janelas, inclinados sobre a noite. Às vezes um riso mais agudo cortava, como um pequeno punhal, a água lisa dos tanques.

Vistas do jardim essas coisas pareciam feéricas e irreais. Delas subia, perante a alegria serena da noite, urna alegria rápida e agitada, desgarrada e passageira, um pouco triste e cruel.

Lúcia tinha dezoito anos e era este o seu primeiro baile. Tinha vindo com a tia que era sua madrinha.

A grande sala estava cheia de gente dançando, pares que se multiplicavam nos enormes espelhos esverdeados. Ao fundo um grupo de músicos tocava. Pelas janelas abertas entravam os perfumes do jardim. As cortinas inchavam-se de brisa.

A filha da dona da casa apresentou Lúcia às amigas. Estas falaram-lhe com um ar alheio e sorriram com ar indiferente. Depois continuaram as suas conversas como se ela não estivesse ali.

A música parou, outras raparigas acompanhadas por rapazes vieram reunir-se ao grupo onde a filha da dona da casa estava.

Lúcia tentou seguir a conversa. Fez uma pergunta mas ninguém lhe respondeu.

A música começou outra vez a tocar, os rapazes convidaram as raparigas para dançar e o grupo desfez-se.

Lúcia ficou sozinha. Ninguém a tinha convidado para dançar.

Olhou em redor procurando um lugar onde estivesse menos exposta à vista de todos. E viu do outro lado da sala uma cadeira vazia perto de uma janela aberta, meia escondida pela cortina.

No caminho passou em frente de um espelho e olhou-se. Mais urna vez verificou quanto o seu vestido era feio.

Era um vestido que lhe tinha sido dado pela tia que era sua madrinha.

Oito dias antes, a madrinha tinha aparecido em casa de Lúcia.

— Lúcia — disse ela — de hoje a uma semana vens comigo a um baile.

— Mas não tenho vestido de baile — exclamou Lúcia.

— Eu tenho um meu que se pode arranjar para ti.

Lúcia achou o vestido muito feio e balbuciou com cuidado:

— Lilás fica-me mal.

— Na tua idade tudo fica bem — respondeu a madrinha.

A costureira começou a marcar o vestido com alfinetes e a passar alinhavos.

— No dia do baile tens que pôr saltos altos — disse a madrinha. — Põe-te em bicos dos pés para se calcular a altura.

— Não tenho sapatos de saltos altos — respondeu ela. Mas a tia, distraída, não ouviu.

Sempre sonhara ir a um baile. Apetecia-lhe apaixonadamente ir àquele baile.

A sua vida, entre o pai viúvo e arruinado, os dois irmãos, as velhas criadas faladoras, o jardim inculto, cheio de musgos e ervas selvagens, não era uma vida triste mas uma vida monótona e modesta. Às vezes, no colégio, algumas das suas amigas falavam de um mundo de festas e divertimentos, um mundo onde tudo era fácil e todas as pessoas eram ricas. Agora, aquele baile era para ela a porta aberta para esse outro mundo.

Em casa fez uma busca ao sótão.

Lúcia descobriu uns sapatos de salto alto que, embora um pouco largos, lhe serviam.

Mas estavam fora de moda e em mau estado com o forro azul roto nas biqueiras e aqui e além manchas de bolor.

Mas agora, ali, na sala de baile, escondida atrás de um grupo de pessoas e voltada para o espelho murmurou:

— Era melhor não ter vindo.

O espelho era antigo e tinha um fundo embaciado, manchado e verde onde Lúcia se via como uma afogada boiando numa água sinistra.

— Estou pálida - constatou - preciso de pôr mais rouge.

Resolveu ir ao quarto de vestir.

— Para que vim eu a este baile? - Pensou. - Aqui o meu vestido é uma espécie de anti-passaporte que me proíbe a passagem para o mundo deles.

Desceu a escada. Na entrada parou em frente de um grande espelho de moldura dourada, pendurado por cima de um trenó. Estava ainda mais pálida agora.

Então, no fundo do espelho, atrás da sua cara, viu, descendo a escada, a terceira rapariga. Era loira, não alta mas esguia e tinha um ar aéreo. O vestido de chiffon cor-de-rosa pálido dançava em redor de seus passos.

— Não se veja nesse espelho. Faz muito má cara.

Lúcia perplexa murmurou:

— Pois é, talvez...

— A sua pele é linda e branca — atalhou a rapariga, e, ali, parece cinzenta. É melhor não olhar para lá.

Depois hesitou um instante, sorriu de novo e, olhando Lúcia, continuou:

— Sabe... é preciso não dar importância a este género de espelhos. São como as pessoas más, não dizem a verdade.

— Pois, pois é — concordou Lúcia tentando entrar no imprevisto tom da conversa.

— Sabe — e a rapariga tomou um ar ausente como se falasse sozinha — não sabemos ao certo o que querem os maus reflexos, os maus olhares, as más palavras. Talvez a perdição da nossa alma. E temos que manter nossa alma livre.

Depois, voltou a sorrir, sacudiu os cabelos e disse:

— Tenho de ir, até já.

E afastou-se.

A cadeira ao pé da janela continuava vazia.

Lúcia contornou os pares que dançavam e foi sentar-se ali.

A noite poisou a sua mão fresca sobre a sua cara afogueada.

O rapaz encostou-se à janela.

— Cheira bem, cheira a erva cortada, a buxo, a tílias, a madressilva.

— É — aprovou Lúcia debruçando-se também na janela.

— Tudo parece tão misterioso: o brilhar do luar entre as sombras e as folhas das árvores, o reflexo da lua no lago. O lago parece um espelho. É uma noite mágica.

De súbito o rapaz acordou da contemplação e com um leve arrebatamento perguntou:

— Estas noites assim não a assustam?

— Assustar? Porquê?

— Tanto azul, tantos brilhos, brisas, perfumes, parecem a promessa de uma vida deslumbrada que é a nossa verdadeira vida. Mas, ao mesmo tempo, há nessas noites uma angústia especial — há no ar o pressentimento de que nos vamos despistar, nos vamos distrair, nos vamos enganar e não vamos nunca ser capazes de reconhecer e agarrar essa vida que é a nossa verdadeira vida.

Tomou-lhe a mão para a ajudar a levantar-se e guiou-a para o lugar da dança.

— Não sei dançar.

— Não faz mal. Eu gosto de dançar consigo mesmo que dance mal.

O rosto de Lúcia iluminou-se. Não era só o elogio daquele rapaz bonito que a alegrava. Era, posta nela, a atenção de alguém que pertencia ao mundo do brilho e poder onde ela queria penetrar.

Estavam agora dançando no meio da sala, precisamente no meio da sala, debaixo do lustre, quando o sapato esquerdo escorregou do pé de Lúcia. Olhou e viu o sapato separado de si no meio da sala. Ia a dizer: — É meu — quando uma rapariga começou a rir e perguntou:

— O que é aquilo? Mas o que é aquilo?

Várias pessoas olharam. Riram. As palavras cruzavam-se no ar.

— Um sapato!

— Todo roto!

— De quem será?

— Não é de ninguém. É uma partida?

— Talvez não seja partida. Talvez seja de alguém que o perdeu.

— Ninguém é capaz de vir para um baile com um sapato daqueles.

Quando a música acabou e os pares abandonaram o espaço da dança o sapato ficou sozinho no centro da sala, esfarrapado e miserável sobre o chão polido.

O criado foi buscar as pinças que estavam penduradas ao lado do fogão e agarrou com elas o sapato e levou-o.

A música recomeçou a tocar.

— Tenho de sair daqui depressa, depressa - murmurou Lúcia.

Levantou-se e saiu da sala.

Perto da escada havia uma porta aberta que dava para um quarto pouco iluminado. Entrou e fechou a porta atrás de si.

Mas então viu que o lado de dentro da porta era, de cima a baixo, forrado de espelho. E nesse espelho ela viu-se toda, pálida, com o vestido detestado escorrendo desde os ombros até aos pés.

Lúcia olhou em redor. Em frente da porta por onde tinha entrado outra porta abria para a varanda.

— Acolá ninguém me olha — calculou ela.

E refugiou-se na varanda.

Começou a imaginar, que era ela própria e estava naquele mesmo dia, naquele mesmo baile, mas que tinha um maravilhoso vestido, o mais belo vestido que havia no baile. E quando ela passava, as pessoas murmuravam: — Que vestido maravilhoso! — Ouviu o roçar leve do vestido pelo chão e viu a sua imagem brilhando nos espelhos.

Então lembrou-se:

Naquele ano, no dia em que fizera dezoito anos, a madrinha tinha-lhe dito:

— Lúcia, tens dezoito anos, é preciso pensar no teu futuro. Não conheces ninguém, não és convidada para nada, andas vestida como uma pobre. Vem viver comigo que sou tua madrinha e não tenho filhos. Se vieres viver comigo, eu dou-te todas as coisas de que precisas.

— Não posso deixar o meu pai e os meus irmãos! — Disse Lúcia.

— Bem — respondeu a madrinha. — Viver é escolher. Se um dia escolheres um caminho diferente, vem viver comigo.

Aquele baile, aquela gente que a ignorara e humilhara era o mundo, que ela decidira escolher. Aqueles eram os vestidos, os sapatos, as jóias que ela queria possuir. Aquele o poder que desejava.

Poisou as mãos sobre a pedra fria do corrimão da varanda e murmurou:

— Tenho de escolher outro caminho. Um dia hei-de voltar aqui com um vestido maravilhoso e com sapatos bordados de brilhantes.

II

Daí a dias Lúcia foi viver com a tia. A partir do dia da escolha, o seu êxito tomara-se mecânico. Ela nem precisava quase de lutar por ele, ele aparecia-lhe, tudo o suscitava. Era como se nela agora houvesse uma fatalidade de triunfo.

Casou com um homem rico que depois de ter casado com ela se tornou cada vez mais rico. A sua beleza crescia de ano para ano, novos amigos a procuravam todos os dias.

Mas, às vezes, Lúcia fechava-se à chave, sozinha, no seu quarto e tirava a caixa da gaveta e o vestido da caixa.

Depois estendia o vestido lilás em cima da sua cama e olhava-o longamente e pensava:

— Preciso de queimar este vestido.

E assim passaram vinte anos. E nesse vigésimo ano em certa manhã de Maio, Lúcia recebeu um convite. Um convite para um baile no primeiro dia de Junho. Um baile na mesma casa onde ela, vinte anos antes, tinha ido com um vestido lilás; feio e fora de moda.

Aquele convite para um baile, na mesma casa, na mesma noite de Junho era como um encontro marcado pelo destino. E pareceu a Lúcia que era preciso que agora ela fosse àquele baile para com o seu triunfo, o seu sucesso presente, apagar, até ao último vestígio, a memória da humilhação ali antes sofrida. Era preciso que ela, como a madrasta da Branca Flor, pudesse naquela noite perguntar a todos os espelhos:

— Dizei-me espelhos, qual a mais bela, a mais perfeita, a mais rica de triunfo, aquela que está em seu reino mais segura?

E era preciso que todos os espelhos respondessem:

— Tu.

Quando ela apareceu no limiar da grande sala de baile, primeiro, ninguém acreditou no que via. Agora os vestidos de baile já não se usavam compridos até ao chão: a saia de Lúcia terminava um pouco acima das canelas. E os seus sapatos bordados de brilhantes viam-se bem. Algumas pessoas pararam de dançar.

— Não é possível que sejam verdadeiros brilhantes!

— É uma imitação!

— É inacreditável!

— Mas são verdadeiros!

— São falsos com certeza!

— Mas nunca vi jóias falsas brilharem tanto!

Houve um primeiro movimento de espanto e quase de escândalo.

Mas Lúcia começou a dançar. Os seus passos traçavam círculos sucessivos de luz, fogo e brilho. Todos os olhares a seguiam. O lume dos diamantes espalhara-se em toda a sua pessoa.

E à medida que a sua dança dava a volta à sala, Lúcia ia-se vendo de espelho em espelho. Cada espelho lhe dizia «tu». E ela sacudia os cabelos e batia as pestanas.

Era já o meio da noite quando disse a si própria: — Agora tenho de voltar àquela sala onde há vinte anos me fui esconder. Tenho de ver-me de novo no espelho que está atrás da porta, no espelho onde tive vergonha do meu reflexo.

Lúcia fechou a porta atrás de si e virou-se para o espelho. Era o mesmo espelho, ainda lá estava. Mas também a mesma imagem lá estava ainda.

Todo o seu corpo gelou num momento de horror. O seu sangue parou de correr. Um grito ficou estrangulado na sua garganta. Viu-se no espelho. Viu-se e viu que o vestido que ela tinha vestido era ainda o mesmo, era ainda o antigo vestido lilás.

Lúcia queria gritar mas o grito estava preso no seu pescoço.

Então o espelho, muito devagar começou a mexer-se. Girou lento sobre si mesmo e a porta abriu-se deixando entrar um homem.

Inclinou-se ligeiramente, com ar amável, segurou o braço de Lúcia e disse:

— Vamos para a varanda.

Lúcia respirou com esforço, sentou-se no banco de pedra e disse:

— Parece-me que não o conheço.

— Conheces — respondeu o desconhecido. — Desde há vinte anos. Estivemos juntos nesta varanda, numa noite de Junho, há vinte anos. Foi aqui que nos conhecemos.

— Eu estive, aqui mas estava sozinha.

— Eu espiei-te. Vi-te.

— Vai-te embora — murmurou Lúcia.

Mas o homem respondeu:

— Há vinte anos, aqui, nesta varanda escolheste o outro caminho. Eu sou o outro caminho.

— O que é que tu queres de mim agora?

— Quero o sapato do teu pé esquerdo.

— Não, o sapato, não.

— Ouve, Lúcia. Lembra-te: a partir daquela noite de há vinte anos tiveste uma vida maravilhosa. Nada te foi recusado, nunca mais sofreste uma humilhação. Outros sofreram, foram abandonados, humilhados, vencidos. Tu, não. Tu venceste sempre. Dá-me o teu sapato: é o preço do mundo.

— Não posso ficar no meio de um baile com um pé calçado e o outro descalço.

— Quando aqui te encontrei há vinte anos também tinhas um pé calçado e outro descalço. Mas eu penso em tudo. Não me esqueço de nada. Trouxe outro sapato para o teu pé esquerdo.

Era um sapato de salto alto, forrado de seda azul, velho, miserável, esfarrapado.

Lúcia quis fugir mas o seu corpo estava rígido e ela não pôde mover nenhum dos seus membros. Quis gritar mas a sua voz estava muda.

O homem inclinou-se, tirou-lhe do pé o sapato de brilhantes e calçou-lhe o sapato de farrapos.

Quando ao clarear do dia encontraram Lúcia morta na varanda, ninguém quis acreditar no que via. Dizia-se:

— Não é possível, não pode ser.

Parecia inexplicável.

Mas veio o médico e constatou que a morte tinha sido causada por uma síncope cardíaca. Era uma explicação.

O facto de ter desaparecido o sapato também era explicável: alguém que a vira morta ou julgara adormecida não tinha resistido à tentação dos brilhantes.

Mas o que era inexplicável era o facto dela ter no pé esquerdo um sapato forrado de seda azul, um sapato de aspecto miserável, roto e coberto de manchas esbranquiçadas de bolor!

Para isso nunca apareceu explicação.

O acontecimento foi discutido com paixão obcecada durante alguns meses. Depois foi esquecido.

Sophia de Mello Breyner Andresen,
“História da Gata Borralheira” in Histórias da Terra e do Mar (texto com supressões)