A Anaísa Simões do 6.º C escreveu o primeiro texto sobre um encontro imaginário com a sua personagem - neste caso, personalidade - preferida.

Apesar de ser incrível, isto é, de vocês poderem não acreditar, numa tarde entediante, aconteceu algo fenomenal.
Estava eu a estudar História, quando uma das páginas do meu livro me chamou a atenção. Uma daquelas campainhas, que eu gosto de dizer que estão sempre alerta, tocou. Dizia: “Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher…”. Antes de eu ter tempo de terminar a frase, do meu estragado, gasto e velho livro saltou uma mulher.
- Podes ajudar-me, por favor? – disse a estranha e desconhecida mulher.
Fiquei estupefacta a olhar para ela, não prestando qualquer atenção ao que dissera. Um bando de perguntas assaltou os meus pensamentos, tentando arrancar-lhe uma resposta a todo o custo: “Quem era aquela mulher? O que estaria ali a fazer? E a mais importante de todas: Por que razão tinha saltado do meu livro de História e o que queria de mim?”.
Agarrando os pensamentos que tinham fugido, ajudei-a a tirar a metade do corpo que permanecera dentro do livro que eu agora olhava com muita atenção como este fosse mágico ou outra coisa que me escapava.
-Quem és tu? – perguntei-lhe – Como é que saíste daí?
- Eu sou a Carolina Beatriz Ângelo, a protagonista da notícia que acabaste de ler. Sou, desculpa, ainda não me habituei à ideia, ERA médica e, durante a minha idade adulta, lutei para que as mulheres tivessem igualdade de direitos.
- Igualdade de direitos? – disse sussurrando, mas não suficientemente baixo para que ela não me ouvisse.
- Sim, igualdade de direitos. Direito a votar, a frequentar o ensino, a escrever sem ter de usar um pseudónimo masculino… Mas de todos estes e muitos mais, aquele pelo qual eu sempre lutei em nome de todas as mulheres portuguesas, foi o direito ao Voto – disse ela olhando para mim.
- Deve ter havido muitas mulheres a lutar pelos mesmos direitos que tu, mas no meu livro o teu nome é o único que consta sobre este assunto.
- Tens razão, ouve. Talvez o meu nome seja o único de que fala o teu livro, porque eu fui a primeira mulher a votar – respondeu ela esclarecendo a minha dúvida.
Nesse momento fiquei abismada! Como é que Carolina podia falar com tal calma, quando tinha sido a primeira mulher a votar em Portugal?! Voltando ao meu estado normal perguntei:
- Deve ter sido muito difícil!
- Não muito – respondeu – Numa altura em que o direito de voto era reconhecido apenas a “cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família” eu era viúva e por isso era chefe de família. Consegui que um tribunal me reconhecesse o direito a votar. Baseei-me no sentido do plural da expressão “cidadãos portugueses” cujo masculino se refere, ao mesmo tempo, a homens e mulheres.
-Uau!
Não consegui dizer mais nada.
Nesse momento, para minha infelicidade, Carolina desapareceu. Ainda folheei o livro umas quantas vezes, mas não parecia resultar. Tinha tantas outras perguntas para lhe fazer!

Apesar de ser incrível, isto é, de vocês poderem não acreditar, numa tarde entediante, aconteceu algo fenomenal.
Estava eu a estudar História, quando uma das páginas do meu livro me chamou a atenção. Uma daquelas campainhas, que eu gosto de dizer que estão sempre alerta, tocou. Dizia: “Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher…”. Antes de eu ter tempo de terminar a frase, do meu estragado, gasto e velho livro saltou uma mulher.
- Podes ajudar-me, por favor? – disse a estranha e desconhecida mulher.
Fiquei estupefacta a olhar para ela, não prestando qualquer atenção ao que dissera. Um bando de perguntas assaltou os meus pensamentos, tentando arrancar-lhe uma resposta a todo o custo: “Quem era aquela mulher? O que estaria ali a fazer? E a mais importante de todas: Por que razão tinha saltado do meu livro de História e o que queria de mim?”.
Agarrando os pensamentos que tinham fugido, ajudei-a a tirar a metade do corpo que permanecera dentro do livro que eu agora olhava com muita atenção como este fosse mágico ou outra coisa que me escapava.
-Quem és tu? – perguntei-lhe – Como é que saíste daí?
- Eu sou a Carolina Beatriz Ângelo, a protagonista da notícia que acabaste de ler. Sou, desculpa, ainda não me habituei à ideia, ERA médica e, durante a minha idade adulta, lutei para que as mulheres tivessem igualdade de direitos.
- Igualdade de direitos? – disse sussurrando, mas não suficientemente baixo para que ela não me ouvisse.
- Sim, igualdade de direitos. Direito a votar, a frequentar o ensino, a escrever sem ter de usar um pseudónimo masculino… Mas de todos estes e muitos mais, aquele pelo qual eu sempre lutei em nome de todas as mulheres portuguesas, foi o direito ao Voto – disse ela olhando para mim.
- Deve ter havido muitas mulheres a lutar pelos mesmos direitos que tu, mas no meu livro o teu nome é o único que consta sobre este assunto.
- Tens razão, ouve. Talvez o meu nome seja o único de que fala o teu livro, porque eu fui a primeira mulher a votar – respondeu ela esclarecendo a minha dúvida.
Nesse momento fiquei abismada! Como é que Carolina podia falar com tal calma, quando tinha sido a primeira mulher a votar em Portugal?! Voltando ao meu estado normal perguntei:
- Deve ter sido muito difícil!
- Não muito – respondeu – Numa altura em que o direito de voto era reconhecido apenas a “cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família” eu era viúva e por isso era chefe de família. Consegui que um tribunal me reconhecesse o direito a votar. Baseei-me no sentido do plural da expressão “cidadãos portugueses” cujo masculino se refere, ao mesmo tempo, a homens e mulheres.
-Uau!
Não consegui dizer mais nada.
Nesse momento, para minha infelicidade, Carolina desapareceu. Ainda folheei o livro umas quantas vezes, mas não parecia resultar. Tinha tantas outras perguntas para lhe fazer!
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