sábado, 17 de abril de 2010

A Anaísa escreveu a sua versão da história da mulher do quadro.

Elisabete estava a passar uma fase difícil da sua vida, numa altura em que o sexo masculino era considerado mais forte e importante que o feminino. Elisabete era viúva e mãe de duas crianças, Pedro e Maria, de 11 e 14 anos. Desde que seu marido, António, e outros pescadores morreram num naufrágio causado por uma tempestade, as suas famílias passavam grandes dificuldades.

Na segunda metade do séc. XIX, muitos portugueses emigravam por muitas razões. Entre elas estava a miséria, que no caso de Elisabete e de todas aquelas mulheres, era muita. A tempestade, que tantas lágrimas fizera aquelas raparigas derramar, arruinara todo o seu trabalho no campo. As cheias que a chuva constante provocara faziam estragos nas colheitas que eram a fonte de subsistência de toda aldeia. Elisabete estava desesperada!

Ela sabia que só havia uma solução: emigrar. Foi uma decisão muito difícil, pois teria de deixar os seus filhos para trás e não sabia o que a esperava. Apenas sabia que o Canadá era um bom destino: possui uma das economias mais estáveis e favoráveis do mundo, estabilidade social e familiar, segurança, garantindo uma excelente qualidade de vida. Com muita tristeza, Elisabete pediu à sua amiga Rosa que tomasse conta dos seus filhos. Depois disso, partiu com muitas outras mulheres, até ao Canadá.

Inseguras, tristes e receosas avistaram terra, que daquele barco velho, estragado e cheio, parecia um outro mundo. Um mundo esperançoso, um mundo feliz, um mundo onde Elisabete, Maria e Pedro poderiam ser felizes! E foi contagiada por esta esperança que ela foi à procura de emprego e, mais tarde, de uma casa. Levou algum tempo, teve de passar muitas noites ao relento, de ser inúmeras vezes recusada, mas conseguiu obter um emprego com um salário que lhe permitia trazer os filhos para junto dela. Era esse o motivo que lhe dava forças para continuar, para não desistir. Depois de Elisabete ter a sua vida em ordem, Rosa trouxe Pedro e Maria para o Canadá. Com eles vieram muitas mais mulheres e crianças à procura de uma melhor qualidade de vida.

No dia do reencontro à noite, Elisabete adormeceu com Maria e Pedro a seu lado, pensando que para aquele ser um momento perfeito só faltava a presença de António, seu marido.

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