Tento fugir a uma vida de árduo trabalho e sofrimento no Brasil. Fui vendida como escrava há 22 anos, mas ontem os senhores do engenho deixaram a cerca aberta e, com vista a uma melhor vida, fora dali, fugi.
Apanhei o primeiro barco que partia e nem me preocupei com o destino. Nele viajava gente muito bem vestida, pareciam ser nobres e burgueses, não escravas como eu. Antes que me vissem com aquelas pobres roupas e me expulsassem do barco, peguei numa bagagem perdida e escolhi uma “toilette” parecida com a da maioria das mulheres.
Continuo com receio que me descubram, ainda me escondo no meio dos barris de vinho, mas, mais cedo ou mais tarde, tenho de aparecer.
Uma senhora já velhinha perguntou-me porque me refugiara ali. Apenas respondi que queria deixar a vida dura de trabalho e angústia a que fui exposta. Aproveitei e perguntei-lhe para onde ia o barco, e esta respondera-me que ia para Portugal. Nunca tinha ouvido falar de tal país, mas pelo que ela me deu a entender, era um óptimo lugar para se viver. Eu acreditei!
Com aquela conversa acabei por me desinibir e falei com as restantes pessoas que estavam a bordo do barco. Entretanto chegou a hora de jantar. Nunca tinha comido tão bem desde há 22 anos atrás!!! Foi hora de ir dormir.
Quando acordei, já me encontrava no chamado Paraíso de Portugal.
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