sábado, 17 de abril de 2010

Em Busca de Algo

A Maria Francisca também encontrou uma explicação para o quadro:

Simbad viajava naquele barco desde que tinha memória. Tinha vivido imensas aventuras e desventuras no velho barco do seu bisavô, tantas que nem se lembrava de todas.

Nesse dia, Simbad ficara encarregue de verificar os bilhetes dos passageiros do Barba Marinha, até que uma das viajantes lhe despertou a curiosidade. Já observara várias mulheres a bordo, mas nenhuma se parecia com esta.

- Talvez tenha vindo de outro país – pensou Simbad.

Mesmo com este pensamento na cabeça, não se conformava em ficar de braços cruzados. Os dias passaram calmos, Simbad estava desanimado. A estranha mulher, cujo nome ninguém sabia, trancava-se no seu quarto sem nunca sair.

Certa noite, reparando que a curiosa mulher se esquecera de fechar a porta, o marinheiro resolveu entrar. Em cima da escrivaninha encontrou um pequeno diário. Mal começara a ler as primeiras páginas, quando, repentinamente, a mulher chegou.

- Que fazes aqui a mexer nas minhas coisas? – perguntou ela muito zangada.

Simbad não sabia o que lhe havia de dizer e respondeu-lhe a primeira coisa que lhe veio à cabeça:

- Eu sou o criado de quartos, Excelentíssima Senhora.

- Podes parar de fingir Simbad. Por muito que não queira, atraio sempre misté…

- Como sabes o meu nome? De onde vieste?

- Calma, calma… Para responder a todas as perguntas que me fazes tens de ter calma. O meu nome é Marianne, sou francesa, uma famosa arqueóloga marinha. Venho em busca de tesouros escondidos no mar. Quando as ondas se elevam e o mar fica mais alto que a terra, este devora navios, animais, pessoas… Eu tento descobrir os restos, o que sobrou de cada tragédia.

- É um trabalho curioso, e interessante, não é?

- Posso dizer que sim, mas confesso que por vezes é também muito chocante. As histórias dos que outrora perderam a vida nas águas em que nado são arrepiantes…

- E vens procurar algum tesouro em especial nas águas de Timor?

- Vais surpreender-te com o que a seguir te vou contar: venho em busca dos destroços do Titanic. Segundo estudos já realizados tudo aponta para que aqui se encontrem. Eu ainda mal acredito que fui uma das pessoas escolhidas para fazer este trabalho!

Simbad e Marianne passaram a noite a conversar sobre os mistérios escondidos pelo mar, guardados num cofre que poucos conseguiam abrir. Simbad foi convidado a participar na incrível expedição. Estava ansioso, mas, ao mesmo tempo, inquieto. Era a primeira vez que mergulhava tão profundamente e com objectivos tão nobres.

Debaixo de água viu os magníficos corais com milhões de peixes coloridos, cardumes gigantescos e muitos outros belíssimos espectáculos. Finalmente chegaram ao lugar…

- Simbad, é aqui!

No cimo da areia uma bandeira já consumida pelo tempo abanava-se, refrescando os peixes em seu redor. A expressão pálida na cara de Marianne desaparecera; em seu lugar surgira um sorriso de ponta a ponta.

Não havia dúvidas: tinham encontrado o Titanic; depois de descarregarem todas as relíquias com imenso cuidado, voltaram para o barco.

Simbad, Marianne e os outros marinheiros que participaram na famosa expedição foram recompensados…

Seguiram-se vários dias, mas Simbad não deixava de pensar nas riquezas que deixavam para trás. Decidiu mergulhar até ao sítio onde encontrara o velho barco. Ao ver que este não estava lá, riu-se dizendo para com os seus botões:

- A Marianne tem razão. Realmente o mar esconde muitos mistérios!

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